Metais preciosos: Análise de tendências

O preço do ouro apresenta um comportamento muito positivo, mas despercebido pelos investidores fruto do comportamento do SP500 via empresas tecnológicas. Este recuperou na totalidade a desvalorização observada de Março e evidencia: i) máximos similares a 2020 (com uma valorização de +12%); ii) os níveis de 2013; e, iii) a 15% dos máximos históricos de 2011 ($1950/onça). Aliás, a análise da performance em qualquer moeda regista máximos históricos.

Qual(is) o(s) motivo(s)? Os metais preciosos por norma assentam em três pilares: sentimento, tendência e fundamentos. No sentimento, a diferença incorre dos graus de mediatismo versus entusiasmo dos investidores nos mercados tradicionais; e, o universo dos metais preciosos, com evidências de máximos plurianuais não incorpora ainda respostas emocionais exageradas. O ouro é ainda desdenhado pela maioria dos investidores nos seus portfólios por uma questão histórica ou cultural.

A tendência do padrão exibido pela evolução do preço do ouro não podia ser mais construtiva; o preço é superior às principais médias móveis de médio e longo prazo e não se vislumbram potenciais pontos de inversão. A probabilidade de atingir os máximos de 2011 é elevada.

O pilar dos fundamentos estrutura-se na resposta das autoridades políticas e monetárias a nível mundial para minimizar os impactos da pandemia. O cenário macroeconómico é ideal para o comportamento positivo dos metais preciosos. Senão vejamos:

  • taxas de juro próximas de zero e/ou até negativas, o que pode promover a armadilha da liquidez! Apesar do impacto marginal ser menor quanto mais próximos estamos de zero, a verdade é que, a resposta mundial reconhece um nível de “exaustão”
  • persistindo o cenário anterior, taxas de juro negativas, verifica-se historicamente as maiores valorizações nos metais preciosos (exemplo, no hiato temporal de 1971 a 1980 o preço do ouro subiu de $35 para mais de $800/onça). Este cenário impõe o regresso da inflação
  • com o foco dos mercados e autoridades monetárias na deflação contínua, o risco de uma “surpresa inflacionária” cresce de forma exponencial

Como a pandemia expôs a fragilidade das cadeias de valor e abastecimento em inúmeros setores e a sua sustentabilidade, espera-se um retrocesso no processo de globalização; ou, pelo menos uma reavaliação ética dos seus princípios.