Investimentos: a certeza da “incerteza” e/ou “mudança”

Falar em incerteza e/ou mudança em investimentos é um eufemismo que suaviza a realidade nua e crua da subjetividade (sensação de negação ilusória). Senão pensemos desde quando é que: i) investir não incorpora incerteza?; ii) mudança não é a única constante da vida? Já Heráclito de Éfeso o referiu; é de tal forma, que o eufemismo em si se tornou noutro. Logo, é assumi-lo como algo inerente e positivo! Investimentos: a certeza da “incerteza” e/ou “mudança”.

Obviamente, tal não invalida sermos conscientes nas decisões, estando mais atentos em contextos económicos atípicos. Sendo a palavra correta “consciência”, como lidar com emoções na tomada de decisão? Esta influência, conhecida por behavioral finance, demonstra que análises tradicionais não resultam em momentos de pânico/euforia. E, o ciclo emocional, identificável à posteriori, não é facilmente reconhecido nestes momentos. Daí expressões como: “esta crise é diferente” ou “nada voltará a ser como antes” serem erróneas!

Basta retroceder 20 anos na história para se obter exemplos atípicos: i) crise do subprime de 2007/2008; ii) ataques terroristas de 11 de setembro de 2001; iii) a bolha das dot.com. Portanto, independente do tipo de investimento, a estratégia é ter uma atitude de longo prazo ao invés de curto. Porque: i) a queda da remuneração propicia a venda para minimizar o risco de perda adicionais; ii) potencia a exposição ao risco; contudo, é o momento certo para investir (recuperação na retoma). Esta atitude gera ganhos adicionais devido: i) à transferência de risco; ii) ao maior hiato temporal de retorno; iii) as perdas podem ser benéficas (estratégia fiscal e contabilística da empresa). Em suma, quem não cede à pressão reforça a opção!

Mas onde investir? Para a Comissão Europeia (CE): i) 45% do Produto Interno Bruto (PIB) ilustra investimento estrangeiro; ii) 30%-50% da investigação é via investimento interino. E, em outubro de 2020, a Ernest & Young entrevistou 109 executivos a nível global de 14 setores de atividade e concluiu que: i) o investimento estrangeiro irá diminuir até 2021 (dificuldade de avaliar e realizar projetos); ii) a atratividade europeia a três anos melhorou bastante; iii) espera-se decisões binárias a 3 anos (oscilações voláteis versus normalidade); iv) digitalização sob a égide de transformação radical de processos; v) iniciativas de sustentabilidade e responsabilidade social.