No último boletim da Comissão Europeia, Outono, conclui-se que a tendência para o bloco económico apresenta uma projeção negativa de 6,1% ao invés dos 4,2% ex-ante previstos em julho. Ainda assim, face a 2020, globalmente estima-se uma recuperação de 4,1%; sendo que, Portugal espera-se ter o quinto pior desempenho dos 27 estados-membros. Todavia, prevê-se a terceira melhor recuperação em 2021 de toda a União Europeia (UE).
Tal resulta da pandemia e suas inerentes consequências económicas e sociais, pois apesar do tremendo impacto inicial o terceiro semestre registou uma melhoria económica; reconhecendo o gradual levantamento das medidas de confinamento e de saúde pública. Porém, a incerteza muito elevada em torno da evolução do surto de Covid 19; independentemente da vacina, constrange uma retoma completa da economia. Aliás, não se espera que o Produto Interno Bruto (PIB) da UE atinja em 2022 os níveis verificados antes da pandemia.
Obviamente que as repercussões económicas são bastante díspares nos Estados-Membro, pois ilustram: i) velocidade de propagação do vírus; ii) políticas de saúde adoptadas; iii) composição estrutural do tecido empresarial; e, iv) políticas nacionais e europeias de estímulo económico. Mas, existem consequências universais: i) aumento das taxas de desemprego; ii) aumento provável do défice e da dívida pública; e, iii) inflação moderada.
O aumento do desemprego diminui o rendimento disponível familiar, sendo que as estimativas apontam 8,3 % em 2020, 9,4 % em 2021 e 8,9 % em 2022; e, a taxa de desemprego deverá ser 7,7 % em 2020, 8,6% em 2021 e 8,0 % em 2022. Quanto ao défice apresentará um crescimento acentuado fruto das despesas e diminuição de receitas. Logo, o défice orçamental agregado deverá ser 8,8 % em 2020 e regredir para 6,4 % e 4,7 % em 2021 e 2022 respetivamente.
Fruto do avolumar do défice, as previsões do rácio agregado dívida/PIB na zona Euro denotam 101,7 % em 2020, 102,3 % em 2021 e 102,6 % em 2022; acompanhada por uma inflação moderada subjacente à queda da atividade económica. As únicas rubricas que não obtiveram valores negativos neste período foram os preços da energia e dos produtos alimentares não transformados.