Projeções económicas III (União Europeia)

As projeções económicas da Comissão Europeia de 2022 apontam para um crescimento de 4%, um valor ligeiramente inferior às estimativas de Outono; contudo, Paolo Gentiloni (responsável da pasta), referiu que este exercício não considera a dimensão política dos Estados-membros. Um exemplo é o caso das eleições legislativas em Portugal.

Esta revisão decorre da diminuição da atividade no final de 2021 e início de 2022, fruto do comportamento da variante Ómicron na Europa. Outros fatores explicativos desta realidade resumem: i) a escassez de matérias-primas e equipamentos cujo impacto sente-se na produção industrial; ii) falta de mão-de-obra; e, iii) o elevado preço da energia independente da sua origem (fontes não renováveis versus renováveis).

Todavia, a tendência mudará no segundo trimestre segundo os técnicos da Comissão Europeia, sendo a melhoria do cenário sanitário e normalização dos fluxos comerciais a uma escala global os fatores apontados. Assim, estima-se um comportamento crescente até à fasquia de 4% no final de 2022. Aliás, o comissário desvalorizou o comportamento no último trimestre da zona Euro; e, reiterou que a expetativa é que “a economia recupere tracção e a trajetória expansionista, com  todos os Estados-membros a ultrapassarem os níveis de riqueza anteriores à pandemia”. E, para 2023, estima-se um crescimento ainda mais moderado mas superior à anterior previsão de 2,5%.

Os estudos revelam que o consumo privado será o motor do crescimento devido à recuperação do emprego e aos níveis recorde de poupanças acumuladas; assim como, presume-se uma dinâmica elevada do investimento à luz das condições: i) favoráveis de financiamento; ii) de execução dos planos nacionais de recuperação/resiliência a dois anos; e, iii) ativação societal.

Note-se que, a Comissão viu-se obrigada a recalcular as estimativas da inflação, e a qual apresentou em 2021 um incremento considerável; e, mais acelerada do que as expetativas, atingindo um valor recorde de 5,1% em Janeiro de 2022. No entanto, de acordo com esta revisão, o valor médio anual rondará os 4%.

Gentiloni responsabilizou os preços da energia e os problemas na cadeia de abastecimento global por este comportamento temporário. E, reforçou a intenção da União Europeia, de aliviar ainda mais a espiral inflacionista em 2023. O objetivo é obter um valor inferior a 2%, mais concretamente 1,7%, e cujo valor referência se enquadra nos princípios do Pacto Europeu e do próprio Banco Central Europeu.