Projeções económicas III (Portugal)

Apesar das estimativas europeias, um menor crescimento da zona Euro, as expetativas para Portugal apresentam um comportamento inverso. Porque no boletim de Outono a Comissão Europeia previa um crescimento de 4,5%, enquanto as projeções atuais denotam um valor de 4,9% (em tudo semelhante às previsões do Instituto Nacional de Estatística).

Aliás, o relatório indica um alinhamento com a versão Governo, o qual recentemente reiterou confiança num crescimento mínimo de 5,5% para a economia portuguesa. Confirmando-se este cenário macroeconómico, significa na prática que a economia nacional terá um desempenho superior à zona Euro. Contudo, é relevante entender os motivos e/ou fatores explicativos deste potencial resultado…

Segundo a União Europeia, “o recrudescimento das infeções por Covid-19 no início de 2022, bem como uma nova quebra nas viagens internacionais, deverá abrandar o crescimento económico português para 0,5% no primeiro trimestre de 2022”. Ainda assim, no segundo trimestre, fruto da melhoria das condições meteorológicas e respetivo impacto na pandemia, espera-se que Portugal exiba níveis económicos similares ao período ante-pandemia.

E, tal como na União Europeia, a procura interna deve contribuir significativamente para o desempenho económico de 20022 e 2023. Note-se que o Plano de Recuperação e Resiliência terá um papel relevante, todavia a Comissão refere um ligeiro pendor para riscos negativos em face de potenciais revezes que o turismo possa sofrer em virtude do comportamento da pandemia.

Quanto à inflação, o comportamento de Portugal continua a evidenciar um melhor cenário face à União Europeia. Estima-se que os preços em Portugal incrementem 2,3% em 2022 após 0,9% de 2021. Para 2023 reconhece-se um abrandamento da taxa de inflação, esperando-se 1,3%.

Com o cenário traçado, o atual Ministro das Finanças, destacou as perspetivas positivas de recuperação da economia portuguesa, alude a um alinhamento das projeções europeias e do Governo: “a Comissão revê em alta o crescimento do país para este ano, em linha com as últimas estimativas oficiais do Governo, reforçando a credibilidade que Portugal alcançou junto das instituições internacionais”. E, salientou ainda que a “revisão ocorre num contexto de desemprego em mínimos dos últimos 19 anos (5,9% em Dezembro de 2021) e com o emprego 1,5% acima do nível pré-pandemia”.

Todavia este otimismo deve ser comedido, pois até à tomada de posse do Governo socialista pode distar um hiato temporal considerável; ou seja, se a questão dos votos dos emigrantes se confirmar, a tomada de posse não ocorre antes de meados de Abril. Na prática significa que o orçamento de Estado apenas estará aprovado em Junho! Logo, é importante questionar sobre a influência de tal nos futuros resultados da economia portuguesa…