Inflação- cenários

No início de Junho o Banco Central Europeu (BCE) confirmou a subida das taxas de juro diretoras em 0,25 pontos percentuais; enquanto resposta ao incremento generalizado na zona Euro. As projeções apontam 6,8% em 2022, 3,5% em 2023 e a meta de 2,1% em 2024.

E, tal realidade, é extensível aos membros da  Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). Segundo o relatório de Junho, a economia mundial apresenta uma tendência bastante desfavorável fruto da guerra da Rússia contra a Ucrânia. Face ao cenário de Dezembro, dois meses ex-ante à guerra, a OCDE previa um crescimento da economia mundial na ordem dos 4,5% em 2022. Agora, após mais de três meses de conflito, o valor cifra-se em 3%!

Um ritmo que muitos economistas consideram como de recessão global ou próximo. Senão vejamos todas as revisões em baixa dos maiores blocos económicos: i) Estados Unidos- 2,5% ao invés da estimativa inicial de 3,7%; ii) Zona Euro- 2,5% contrariamente à retoma preconizada de 4,3%; iii) Japão- diminuição de 50% na estimativa, sendo o valor projetado atual 1,7%; e, iv) China- previsão de 4,4% versus a estimativa inicial de 5,1%.

Assim, os analistas acreditam numa revisão em alta da taxa diretora do BCE; e, que tal notícia, seja anunciado em Julho. Todavia, existem divergências em relação à velocidade do constrangimento monetário em face do potencial impacto no rendimento dos títulos do Tesouro segundo Pietro Baffico (economista para Europa da Abrdn). Aliás, recentemente, Christine Lagarde (presidente do BCE) assumiu o terminus das taxas negativas após o terceiro trimestre. Na prática, apesar da evidente desaceleração económica, os bancos centrais irão elevar as suas taxas de juro fruto das pressões inflacionárias cíclicas.

E, Portugal não é exceção, pois no Boletim Económico de Junho do Banco de Portugal (BdP) é referido que: “o aumento recente da inflação reflete sobretudo pressões externas (guerra)”, mesmo excluindo o fator preço da energia, o deflator das importações de bens deverá registar um incremento na ordem dos 11% em 2022. E, desacelerando 1,8% em média em 2023-24. Este cenário é mais adverso que as projeções anunciadas em Março por Mário Centeno: i) inflação aumentaria para 4% em 2022; e, ii) reduziria para 1,6% em 2023 e 2024. Apenas num contexto macroecnómico muito adverso se estimava que esta atingisse 5,9% em 2022, 2% em 2023 e 1,9% em 2024.